Solidão e solitude… duas palavras com a mesma origem latina, mas quando se trata do comportamento, estão muito distantes uma da outra.
A solidão nos remete a um estado de recolhimento seguido de uma sensação de tristeza. Por outro lado, a solitude traz em si uma carga positiva que transborda liberdade, opção e, o mais importante, a busca de si mesmo.
Ao envelhecer a solidão parece ser um dos aspectos que mais se destaca, sendo muito comum, inclusive, acontecer por falta de escolha. Por mais que a família se expanda, a maior parte das pessoas que vivenciou as experiências mais marcantes da vida de um idoso ficou no passado. Grande parte já não está mais presente e a outra parcela já foi esquecida, resultado do processo natural de envelhecimento somado aos efeitos das doenças que afetam a memória. Nessa situação, não tenho dúvidas que o melhor recurso para conviver com essa solidão é ter a presença acolhedora e, muitas vezes, silenciosa de alguém que simplesmente tem um sentimento de afeição e carinho capaz de amenizar um pouco esse vazio que insiste em permanecer.
Nesse ponto, enquanto escrevo, me ocorre que a solitude deveria ser cultivada ao longo do tempo, eu diria até que a partir dos primeiros anos de vida, como uma forma de preparação para os anos que estão por vir. E quando eu me refiro à solitude como um caminho, não significa aprender a estar só… muito pelo contrário, simplesmente aprender a aceitar e a gostar de estar só em alguns momentos. Na verdade, a ideia é retirar o peso que a solidão denota para que esse instante de quietude seja uma valorosa experiência de convivência consigo mesmo.
Ao estimular o cultivo da solitude no decorrer dos anos, naturalmente ocorre a internalização acerca da necessidade e relevância de todo esse processo, sem rótulos de sofrimento e tristeza. Por sua vez, quanto aos impactos nocivos que a solidão costuma causar, eu acredito ser importante saber conviver com as alegrias e as tristezas que nos cercam, uma vez que ambas partilham do mesmo teto. Neste caso, a solitude poderia ser vista como uma nova roupagem da solidão… uma forma de ver o “copo meio cheio”…
Foto: Pixabay/Claudia Martinez